22 Jun Qual a Diferença entre Máscara Cirúrgica, Respirador FFP2 e Respirador KN95?
Para iniciar a explicação das diferenças entre as máscaras e respiradores mais usados e que mais confusão causam àqueles que são obrigados a usar este tipo de equipamento de proteção individual sem entender, por vezes, muito bem a sua função, será primeiro necessário explicar alguns fatores que definem cada um dos equipamentos, nomeadamente, a diferença entre máscara e respirador.
Qual a diferença entre máscara e respirador?
A máscara cirúrgica é um dispositivo médico (DM) descartável para limitar a transmissão de agentes infeciosos de suspensão em gotículas. É uma barreira física que não impede a contaminação do utilizador de um vírus por suspensão aérea, contudo limita que a pessoa que a usa se torne um “agente contaminador” por propagação de gotículas. Para apurar a sua eficiência são submetidos a um teste de eficiência de filtração bacteriana (EFB) do interior para o exterior, ou seja, no sentido da expiração.
Já os respiradores FFP2 são equipamentos de proteção individual (EPI) e impedem que os utilizadores inalem aerossóis, vapores e/ou gases perigosos para a saúde. Também os protegem de agentes infeciosos transmissíveis por via aérea, inclusive da contaminação por vírus do tipo coronavírus. Este tipo de equipamentos são submetidos a um teste de eficiência de filtração do exterior para o interior, isto é, no sentido da inspiração, fuga total para o interior, mas o equipamento é também eficiente na proteção de terceiros, ou seja, na exalação.
A função do respirador é a de proteger o utilizador das ameaças em ambientes contaminados e, por essa razão, é um equipamento de proteção individual, enquanto a máscara é uma barreira física que protege o profissional de saúde de infeções causadas por gotículas a curta-distância. Serve também para minimizar a contaminação do ambiente com secreções respiratórias geradas pelo próprio profissional de saúde.
Tipos de respirador FFP1, FFP2, FFP3 e KN95, quais as diferenças?
Anteriormente à realidade de pandemia em que vivemos atualmente, algumas destas certificações já existiam para proteger os trabalhadores de diversas áreas, como a da indústria, por exemplo, que estão diariamente expostos a ameaças à sua saúde e/ou segurança, por força da sua função. Por esta e outras razões, existem diferentes tipos de respiradores e máscaras com diferentes filtragens e, por isso, diferentes certificações. Com a chegada do vírus, houve algumas modificações nas certificações e testes, para que a sua comercialização se adaptasse à realidade da pandemia, uma vez que o propósito seria o de proteger o indivíduo de um vírus transmitido por humanos e não de poeiras, gases ou fungos em ambientes contaminados. É importante diferenciar inalação de exalação, uma vez que um indivíduo infetado por Covid-19 pode infetar outros indivíduos através da sua exalação e é infetado através da inalação. Há, então, a necessidade de filtrar os dois sentidos da respiração, enquanto em ambientes contaminados por gases ou poeiras existe apenas a preocupação em proteger a inalação do indivíduo.
A diferença entre os tipos de respirador e máscara assenta, essencialmente, na capacidade de filtração e na certificação do equipamento. Existem várias certificações, que obedecem a diferentes normas. As certificações são atribuídas quando um determinado equipamento recebe aprovação depois de ser submetido a testes específicos. Existem ainda certificações semelhantes, mas que obedecem a normas de diferentes legislações e Autoridades Competentes, como o caso da certificação CE (União Europeia), que é obrigatória em Portugal para a comercialização e utilização dos respiradores (EPI). No caso das máscaras cirúrgicas (DM), a certificação aplicada é a EN, também europeia.
Para além da certificação CE e EN, existem outras certificações que também são aceites em Portugal, devido à enorme quantidade de máscaras e respiradores necessários para o combate à pandemia, bem como a sua urgência. Segundo a ASAE, as certificações aprovadas em Portugal para o efeito são as seguintes:
- União Europeia: EN 149+A1:2009 – FFP2 e a FFP3
- Austrália: AS/NZS 1716:2012 – P3, P2
- Brasil: ABNT/NBR 13698:2011 – PFF3, PFF2
- China: GB 2626-2006 – KN100, KP100, KN95, KP95
- Japão: JMHLW Notification 214, 2018- DS/DL3, DS/DL2
- Coreia: KMOEL-2017-64 – Special, 1st Class
- México: NOM-116-2009 – N100, P100, R100, N99, P99, R99, N95, P95, R95
- USA: 42 CFR 84 – N100, P100, R100, N99, P99, R99, N95, P95, R95
Como se pode verificar na lista acima, a certificação KN95 obedece às exigências da legislação chinesa e a sua comercialização é aceite em Portugal, pela sua semelhança com os critérios da norma europeia. Os respiradores FFP1, FFP2 e FFP3 são equipamentos com certificação EN, norma europeia, assim como as máscaras cirúrgicas.
Para facilitar a interpretação das diferenças entre as máscaras e respiradores, a tabela abaixo compara as várias características.
Tipo de Equipamento | Certificação | Classe | Capacidade de Filtração | |
---|---|---|---|---|
Dispositivo Médico (DM) | Máscara Cirúrgica | EN14683:2019 | Tipo I Tipo II Tipo IIR | ≥ 95 ≥ 98 ≥ 98 |
Equipamento de Proteção Individual (EPI) | Respirador | EN149+A1:2009 | FFP1 | Baixa (20% penetração máxima no material filtrante) |
EN149+A1:2009 | FFP2 | Média (6% penetração máxima no material filtrante) | ||
EN149+A1:2009 | FFP3 | Alta (1% penetração máxima no material filtrante) | ||
KN95 | - | ≥ 95 |