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Dermatite Associada à Incontinência: Prevenção e Tratamento

Dermatite Associada à Incontinência: Prevenção e Tratamento

Dermatite Associada à Incontinência: Prevenção e Tratamento

A Dermatite Associada à Incontinência (DAI) é a mais comum das dermatites que podemos associar a todas as faixas etárias; é caracterizada por uma inflamação e eritema, com ou sem erosão da pele, afetando não só o períneo, como também a genitália, glúteo, coxas e a parte superior do abdómen.

Estima-se que a DAI afete:

  • Cerca de 30% dos idosos que vivem na comunidade;
  • 40% a 70% dos idosos hospitalizados;
  • 50% dos idosos que vivem em instituições de longa duração;
  • 83% dos pacientes com incontinências urinária ou fecal internados em Unidade de Terapia Intensiva.

O tratamento e a prevenção baseiam-se em medidas simples e de alto impacto que fazem com que a sua incidência de 25%, caia significativamente para 5%.

Como se desenvolve uma DAI?

Desenvolve-se a partir de uma combinação de fatores, como a humidade excessiva causada pela incontinência urinária e/ou fecal, alterações no pH da pele, fricção, colonização por microrganismos, entre outros. Uma vez prejudicada a barreira cutânea, a pele perde a sua proteção natural, o que faz com a taxa de perda de água transepidérmica aumente, deixando a pele vulnerável aos agentes agressores presentes nas eliminações e infeções.

A área afetada apresenta eritema, maceração e, em situações mais graves, pode progredir para erosões cutâneas dolorosas de espessura parcial com drenagem de exsudato seroso. Em condições de higiene precárias, há o risco de infeção secundária, principalmente por Cândida albicans. O não tratamento associado à pressão e/ou atrito local poderá favorecer a formação de lesões por pressão.

A DAI é um problema que afeta principalmente pessoas incontinentes (urinária e/ou fecal). Sabe-se que mesmo conhecendo os fatores de risco que levam ao seu desenvolvimento, o número de pessoas afetadas ainda não é conhecido em muitos países, o que se deve às dificuldades no reconhecimento desta condição que, por vezes, é confundida com lesão por pressão nos seus estágios iniciais, tornando este problema um desafio para os profissionais de Enfermagem. É considerada uma condição evitável, quando utilizada uma abordagem correta e resolutiva; portanto, a adoção de medidas de prevenção é uma prioridade.

Quais são as principais causas da DAI?

As causas da Dermatite Associada à Incontinência, na maioria das vezes, estão relacionadas a fatores exógenos e químicos. O uso constante de sabonetes e outras substâncias utilizadas para a higiene produzem dano estrutural na barreira da pele e levam ao ressecamento. A fricção constante para a remoção dos resíduos irritantes à pele, como cremes gordurosos, pomadas e óleos, também lesionam a barreira através da ação mecânica.

Alguns estudos indicam que para desenvolver DAI é necessária a presença de irritantes em contacto com a pele por um determinado período de tempo. O pH alcalino dos pacientes com incontinência dupla, ou seja, incontinência urinária e fecal, é o responsável pela ativação de lípase e protéase, as quais quebram proteínas e contribuem para a erosão da epiderme.

A hiper-hidratação e a maceração do tecido, elevação da temperatura na região devido ao uso de fraldas, penetração dos agentes irritantes externos e internos, a fricção, entre outros fatores, contribuem para o aparecimento e agravamento da situação.

Qualquer pessoa está suscetível a desenvolver DAI, especialmente aquelas que utilizam fraldas, porém há fatores de risco que contribuem para a rutura da pele, quando relacionados à incontinência, como humidade, pH, colonização por microrganismos e atrito.

A incontinência fecal provoca mais danos na pele do que a incontinência urinária, por causa do conteúdo bacteriano e da presença de enzimas que podem ser corrosivas na presença de um pH alcalino. Esse pH favorece a colonização por fungos e bactérias presentes na flora da pele ou provenientes do trato gastrointestinal.

O uso de fraldas intensifica a irritação da pele devido ao pH cutâneo potencializado pela conversão da ureia em amónia. A DAI manifesta-se com sensações de desconforto, prurido, ardência e dor, o que compromete a qualidade de vida. Pode intensificar-se por meio do efeito tóxico de produtos utilizados, como óleos, pomada e também por resíduos de substâncias químicas que são aplicadas diretamente sobre a pele, como sabões e soluções lavantes.

Se não tratada no início, a Dermatite Associada à Incontinência pode provocar infeção, os microrganismos mais frequentes são: Cândida albicans, Bacillus faecalis, Protheus, Pseudomonas, Staphylococcus e Streptococcus. Vale ressaltar que a Cândida albicans pode aparecer em menos de três dias de evolução. A Dermatite Associada à Incontinência tem proporcionado um custo de milhões de euros anuais em instituições de longa permanência para idosos.

Como prevenir o aparecimento de DAI?

Dermatite Associada à Incontinência: Prevenção e Tratamento

  1. Aumentar a frequência de troca das fraldas
    As fraldas e outros produtos absorventes de incontinência devem ser respiráveis e o menos oclusivos possíveis para permitir a entrada de ar pelas laterais, e devem ser trocados sempre que necessário, pois caso não aconteça não será possível diminui a super-hidratação do extrato córneo e mantém a integridade da função protetora da epiderme.
  2. Considerar as características dos absorventes de incontinência
    A maioria das fraldas descartáveis de incontinência comercializada têm na sua composição celulose e Polímero Super Absorvente (SAP) que são necessários para manter a área da fralda seca em meio ácido. As quantidades de celulose e SAP podem variar por produto, existindo uns mais absorventes que outros pelo que é recomendável que seja analisada o débito urinário do utilizador para que se consiga determinar as suas necessidades. As fraldas descartáveis podem também apresentar uma camada de lubrificante que é transferida para a pele; esse tipo de fralda tem sido muito recomendada, pois o lubrificante citado cria uma película protetora contra a humidade e evita a oclusão total da pele. As fraldas com materiais que possibilitam a transpiração da pele têm sido as mais recomendadas a fim de evitar a elevação do pH ocasionado pela oclusão, e também para diminuir o tempo de sobrevivência de fungos como a cândida albicans. Outros fatores que devem ser considerados são a escolha do tamanho adequado, velocidade de aquisição e capacidade de retenção (associada à quantidade de SAP disponível no absorvente).
  3. Higiene diária da área da fralda
    A higiene deve ser feita com recursos a água morna com auxílio de tecidos não abrasivos, evitando recorrer a sabonetes ou soluções lavantes que alterem o ph da pele. Quando não for possível o recursos a água, o ideal é fazer a higiene com lenços humedecidos impregnados com dimeticona a 3 %, que podem ser utilizados, tanto na prevenção, quanto no tratamento das dermatites.
  4. A melhor forma de prevenir a dermatite é manter a pele livre de humidade e hidratada
    Após a troca de fraldas, aplicar uma camada de pomada ou cremes protetores à base de óxido de zinco, petrolatum, lanolina, aloé Vera, manteiga de Karité, dimeticona, gel hidrocoloide, dióxido de titânio e amido ou creme com dexapantenol e outros, visando criar uma barreira protetora sobre a pele, evitando assim a maceração da área.
    Preparações contendo ácido bórico e pó (talco) devem ser evitadas pelo alto risco de toxicidade e desenvolvimento de granulomas, assim como as preparações que contenham clara de ovo, leite, produtos com corante de anilina, desinfetante e amaciante e principalmente as que contêm hexaclorofeno ou pentaclorofeno.
  5. Avaliação do estado nutricional
    O estado nutricional interfere diretamente no quadro clínico, por isso, se necessário, deve-se aumentar o consumo de proteínas, carboidratos e vitaminas, principalmente A, C e E, conforme avaliação individual do paciente, além de ingerir no mínimo 1 litro de líquido por dia e evitar consumir líquidos uma hora antes de dormir.

Como tratar a Dermatite Associada à Incontinência?

Se a dermatite se der em grau leve, recomenda-se o aumento nas trocas e a utilização de fraldas superabsorventes associadas à aplicação de pomada e creme. Deve sempre considerar que as pastas e cremes são preparados à base de água, já as pomadas são à base de óleo, por isso têm efeito mais duradouro que os cremes.

A pasta é uma pomada com pó adicionado que aumenta a sua durabilidade e absorção. Quando o diagnóstico apresenta uma associação da dermatite com infecções fúngicas, vários estudos apoiam a aplicação de pomada ou creme com algum antifúngico; a nistatina é o mais indicado seguido pelo nitrato de miconazol e o cetoconazol.

Como opção complementar, existem produtos tópicos para a terapia da DAI, que podem ser pulverizados em toda a região perineal e perianal, criando assim uma película protetora. Como exemplo, os produtos barreira à base de película de polímero. Ver o Creme Barreira Above.

Caso seja necessária a intervenção e tratamento médico, este consiste em medidas simples que são ajustadas de acordo com a severidade e o tipo de dermatite; podem ser prescritos cremes com ação anticândida como a nistatina. Algumas vezes é necessária a associação com antifúngicos orais, como fluconazol; podem ser utilizados outros tipos de pomada de extrato metabólico das flores de camomila, pomada de dexapantenol e óxido de zinco, além do creme à base de hidrogel.

Artigo adaptado do Programa de Iniciação Científica da UNIVAS.

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